Por que eu sentia pavor de abrir o WhatsApp?
Na pandemia, eu travei.
Ficar sozinho em casa parecia um alívio… mas era o contrário.
Só de pensar em abrir o WhatsApp, minha respiração já mudava.
Eu evitava abrir.
Ficava dias sem responder.
Não era preguiça, nem desinteresse.
Era medo de existir no mundo.
Medo de ser cobrado.
De ter que me justificar.
De decepcionar alguém.
De ter feito algo errado sem saber.
O WhatsApp virou um símbolo.
Não era só um app.
Era uma porta pra expectativas que eu sentia que não podia cumprir.
Só depois de muito autoconhecimento eu entendi:
meu sistema nervoso associava contato social com ameaça emocional.
Porque, no fundo, eu acreditava que ser eu mesmo nunca seria suficiente.
Eu tinha que estar “pronto”, “forte”, “perfeito” pra existir.
Hoje, eu ainda sinto um friozinho.
Mas eu abro mesmo assim.
Porque eu me lembrei de algo importante:
Eu não preciso estar 100% pra ser digno de presença.
Eu posso aparecer…
Mesmo com medo. Mesmo com falha. Mesmo com silêncio.
Se você sente isso também, você não tá quebrado.
Seu corpo só está tentando te proteger de dores antigas.
Talvez só seja preciso dizer: “Meu corpo ainda vive guerras que já acabaram.”